sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O sorriso

 
Enquanto ele cortava meu cabelo, toneladas eram retiradas de meus ombros. Senti-me leve e renovada. Cada cacho atravessado pela lâmina da tesoura equivalia a um ano que desperdicei  com a opinião dos outros, com olhares tortos, com palavras envenenadas... Agora estavam todos esparramados pelo chão.
Ao me olhar no espelho, deparei-me com uma pessoa 10 anos mais jovem. O sorriso foi inevitável e sincero, como há muito não conseguia ser. 

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Asas feridas



Sou como um pássaro
Que sentado no galho de uma árvore 
Contempla o céu.
Desejo voar,
Mas minhas asas estão feridas. 
Felizmente posso sentir os raios de sol 
E a brisa tocarem minhas penas.





(Texto originalmente por mim publicado em forma de comentário no poema "Inquisão" de Ivan Bueno no blog Empirismo Vernacular). 

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Saudade




Hoje sou toda saudade:
Do cheiro de terra molhada
E do brilho do chão encerado.
Saudade dos bolinhos de chuva
E da radiola ligada na sala.

Meu peito se rasga
De saudades do colo de minha mãe,
De sentar nos ombros do meu pai,
De correr atrás de meus irmãos e primos no quintal.

Saudade do lápis de cor,
Dos cadernos e livros novos,
Do uniforme da escola
E do rádio-relógio despertando às 6 da manhã.

Saudade dos anos 80,
Da Conga preta e da saia plissada.
Saudade de ser criança.
Saudade de ser feliz...

sábado, 21 de agosto de 2010

Pensar - Falar - Agir!

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Pensar, Falar e Agir são verbos que se complementam
E como verbos que são, exprimem algum tipo de ação
Contudo, sozinhos, constituem-se em algo amputado, vazio, incompleto:
De que vale pensar e guardar pra si?
De que vale falar e não colocar em prática?
De que vale agir sem reflexão e sem argumentação?

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Bricolagem

Hoje resolvi emendar uns fios,
Tapar uns buracos, umas rachaduras,
Pintar algumas paredes amareladas e sujas da vida.


Decidi camuflar manchas que me incomodavam
Simplesmente para continuar fitando a parede.
Mas a fina camada de tinta fresca, infelizmente,
Permite que as formas escuras, por ela encobertas, se revelem.

Tentei apagar as palavras escritas na tinta antiga.
Lixei, mas não consegui destruir o que fora registrado.
Imaginei que a casa possuisse alicerce
Mas só existem paredes: sujas, esburacadas, riscadas.

Foi mais fácil ser esquecida
Que terminar a reforma em sua estrutura.